Poesia

ROOMBA


A alvenaria chegou tarde,

Já eu rompia.

Não sei que segredo te fazia:

Se alegria,

Se jazia.


O caminho que eu rumava

Era longe desta estrada.

Uma parede que eu erguia,

Ou um tombo que daria.

Com estrondo eu tomava,

Uma rede desfazia

Sem saber se já jazia.


O regozijo era tal,

Fosse mesmo chegar bem,

Ou mal.


Como é satisfação

Não entender meu coração.


10 de janeiro de 2025

ENCONTRO


Eu sou um

Como dois;

Talvez três,

Mais nenhum.


Ranhura por onde entrar,

Ela sela

Reencontro com o ar;

Venha o quarto para amar.


Raízes de encontrar

Neste nosso velejar,

Ou um tanto bafejar.


Antes mesmo de virar,

Rezam elas, ali pois...

Sou tão vela como sois.


19 de outubro de 2024

MENTE


Vem

Gentilmente;

Mente

Não sente.


Lento

Sem relento,

Num momento

Ardente.


Fogem mais cantos do mundo,

Por caminhos, também

Profundos.


Nem em sombras estou aqui,

Escrevo isto para ti.

Eu fugi e não morri.


5 de outubro de 2024

SEM AMOR


Tu…

Esse teu olhar 

Move florestas,

Rompe com as brechas

Desta minha aresta;

Que sou eu

Longe do teu eu.


Esse teu ardor,

Chamo eu de amor

Resolvido em cor;

Deixaste-me assim…

Sem dor.


23 de agosto de 2024

CÉUS INFINITOS


Naturalmente emotiva,

Assim é a comitiva;

Tal foi ela recebida

De forma tão ressequida...


Essa gente muito atroz

Não condiz com a nossa voz;

Com um certo bem-querer,

Mais que ser, além morrer!


Voar por céus infinitos,

Engendrar horizontes longínquos;

Encontrar neste mundo perdido,

Escrever algo, que bonito!


Viajar é consistente,

Venha gema reluzente;

Com um travo dessa gente,

Recusar um ser dormente!



18 de agosto de 2024

FAROL


Já vi eu este cenário

De pétalas rosadas

Numa cama com espinhos,

Parece ele algum caminho.


Na verdade é só vazio,

Corre lento, como um rio

Coberto deste fastio;

À procura de uma foz

Onde fazer desaguar,

Derramar,

Este mar.


Um farol

Põe o teu sol

Longe desta incerteza,

De viver assim à mesa.


Nem uma ponta de sal

Numa margem desse tal,

Faz da dúvida, a gentileza,

De correr com este mal.


Não há luz que ponha em mim

Seja noite, seja sol,

Como a lente de um farol.


10 de agosto de 2024

PERDER


Escrever

Não é tanto um doer,

Custa menos

Do que ler,

Ou mesmo ser…

Um intruso,

Neste círculo ridículo,

Feito de forma consciente

Por parecer mais outro seno.


Esse teu meu responder

Leva pois assim a crer,

Que a vontade

De ter,

É tão certa como ser.


De querer e não poder.


7 de agosto de 2024

ADIANTE


Retrocesso é pensar

Que realmente existe

Um pensar, este

Que nos possa dar

Um conforto, ou um lar.


Num rolar de exatidão

Sofre a roda em precisão,

É apenas um cheirar

Do que não pode parar.


Adiante, mais à frente

Alguns estão que dizem gente

Venham menos de repente.

Somos nós, tão sós; somente.


Do futuro vem um burro

Esbarra bem ele neste muro.


Marchar

De rompante,

Adiante!


3 de agosto de 2024

FOMOS GENTE


Hoje acordei

Um tanto ao quanto,

De certo modo poderei até...

Dizer contente.


Chamaram-me demente,

Como mais um indigente

Contentado com o presente:

Revoltados, enjeitados.


Foram, certamente,

Iludidos em vocábulos

De palavras refratárias.


Hoje acordei feliz,

Com a alegria e a certeza

De que um dia fomos gente.


29 de julho de 2024

Share by: